FORMAS DE DISPOSIçÃO FINAL DOS RESTOS MORTAIS
Como referenciar este texto:
- ROCHA, Marina Silva Seabra da. Formas de disposição final dos restos mortais. Cemitério Paisagístico, 25 maio 2018. Disponível em: <https://cemiteriopaisagistico.weebly.com/fdfrm.html>. Acesso em (dia) (mês) (ano).
- ROCHA, Marina Silva Seabra da. Formas de disposição final dos restos mortais. Cemitério Paisagístico, 25 maio 2018. Disponível em: <https://cemiteriopaisagistico.weebly.com/fdfrm.html>. Acesso em (dia) (mês) (ano).
Processos transformativos-conservativos
A mumificação pode ser um processo natural ou artificial e tem como objetivo retardar ou impedir a putrefação. Este processo consiste na conservação do corpo ou uma parte do mesmo por meio da dissecação ao ar, ao solo ou ao fumo, usualmente com a retirada das vísceras, revestimento com materiais plásticos, preenchimento das cavidades ou embalsamamento através de injeção de substâncias conservadoras (PACHECO, 2012; 8 FORMAS..., [s.d.]).
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A criogenia é o processo de congelamento do corpo de uma pessoa. Quando a pessoa está para morrer a equipe que irá congelá-la fica de prontidão para que, no momento em que isto acontecer, se realize o primeiro procedimento que é o de estabilização do corpo. Isto consiste em fornecer oxigênio ao cérebro e ao sangue para retardar o início do processo de decomposição. Para o transporte do cadáver até o local onde ocorrerá a criogenia, este é imerso gelo e nele se aplicam anticoagulantes, a fim de evitar o enrijecimento e o ressecamento do cadáver. Assim que o corpo chega ao local de finalização do procedimento, toda a água é retirada para evitar a destruição do mesmo no momento do congelamento, devido à propriedade de expansão da água quando solidificada. A água do corpo é substituída por um composto químico com glycerol [processo de vitrificação], que impede a formação de cristais de gelo no interior do corpo. Depois de quatro horas de procedimento o cadáver é, então, introduzido em gelo até sua temperatura alcançar os -130°C. Em seguida, o corpo é colocado em um contêiner e inserido em um tanque com nitrogênio líquido à cerca de -196 °C (VELLOSO, 2015; ROMANZOTTI, 2011)
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A plastinação consiste em preservar o cadáver ou partes deste para ser usado em aulas de anatomia em escolas de medicina ou em exposições. O processo foi inventado pelo anatomista Gunther von Hagens, em 1970, e consiste em imersão no formol, desidratação com acetona, retirada da mesma por câmara à vácuo e substituição dos fluidos corporais por polímeros. Depois de realizados estes procedimentos o corpo é moldado, seco a gás, com luz e calor (GIMENEZ; TATSUI, 2013; ROMANZOTTI, 2011).
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Processos transformativos-destrutivos
O sepultamento e a tumulação consistem na deposição do corpo em sepulturas e carneiros, respectivamente, onde ocorre a transformação do corpo em esqueleto, pela ocorrência do processo de decomposição natural da matéria orgânica, devido às reações químicas e existência de uma fauna cadavérica que degrada a matéria orgânica.
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No enterro verde ou green burial os corpos não são submetidos às técnicas de tanatopraxia com produtos tóxicos e poluentes e são colocados diretamente no solo , sem o uso de carneiros. No green burial se permite somente o uso de produtos biodegradáveis, como urnas funerária, mortalhas e cosméticos. Além disto, as covas onde os corpos são depositados, possuem marcadores naturais para sua localização, como pedras, arbustos ou são localizáveis apenas por GPS. Tudo isto é feito com o intuito de conservar os recursos naturais, reduzir as emissões de carbonos e interferir minimamente na paisagem e promover a recuperação e a preservação do habitat natural (BUTLER, [201-?]; GREEN BURIAL COUNCIL, 2015).
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A cremação consiste em incinerar os corpos em fornos durante cerca de uma à duas horas a uma temperatura entre 800°C e 1000°C. Após a queima os restos de ossos calcinados são triturados (GIMENEZ; TATSUI, 2013) e incorporados às cinzas são depositadas em uma urna ou dispersas na natureza. Este método também é responsável, entretanto, por significativas emissões de mercúrio e de gases de efeito estufa (IZIDRO, 2012). Porém ela exige áreas menores para armazenar o produto do processo final (HARIYONO, 2015; SEBRAE,[s.d.]). As cinzas podem ser depositadas em urnas cinerárias, feitas, geralmente, de louça, metal ou madeira e que possuem tampa e um saquinho interno de segurança para impedir o escape das cinzas (PACHECO, 2009).
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A aquamation é um processo no qual o corpo é inserido em uma máquina que injeta na câmara onde ele se encontra uma solução de agentes químicos alcalinos como carbonatos e hidróxidos a 93°C que dissolvem os restos mortais em quatro horas.
Outro processo semelhante a este é a resomação, também chamado de biocremação. A diferença em relação ao primeiro é que neste segundo procedimento a solução utilizada é aquecida a cerca de 180 °C (IZIDRO, 2012), usa-se pressão e é o hidróxido de potássio que liquefaz o corpo. Ao final do processo restam apenas os ossos que, assim como na aquamation e na cremação, são moídos por um aparelho chamado de Cremulador (BOWDLER, 2011) e podem ser dispersos, pois são estéreis, ou depositados em uma urna. O líquido usado no processo pode servir de fertilizante ou ser lançado no esgoto (8 FORMAS..., [s.d.]; BERDOLDI et al., 2014; BBC, 2017; PAPPAS, 2011; ROMANZOTI, 2011; ZHANG, 2015). |
Outro processo interessante é a liofilização, que envolve a imersão do cadáver em nitrogênio líquido, o que o torna muito frágil. Vibrações, então, agitam o corpo e o quebram em milhões de pedaços. A água resultante do congelamento é, em seguida, evaporada do material particulado em uma câmara de vácuo especial [desidratação]. Filtros e ímãs separam quaisquer implantes cirúrgicos, que também se tornaram pó, dos restos mortais. Estas partículas orgânicas são, então, colocadas em uma caixa de amido e enterradas em uma cova rasa, servindo de adubo para sementes de plantas, que crescem e se tornam árvores (CHAYAMITI, 2009; GIMENEZ; TATSUI, 2013; VELLOSO, 2014; ROMANZOTTI, 2011).
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Fontes:
BERDOLDI, Guilherme Lima et al. Contaminação de solos por compostos do necrochorume. 2014, 76 f. Projeto de Ação Profissional (Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária) - Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo. 2014.
BUTLER, Natan. A grenner way to go In: WHAT is green burial? Natural Grace, Rancho Palos Verdes, [201-?]. Disponível em: <http://www.naturalgracefunerals.com/green-burial.html>. Acesso em: 11 jul. 2017.
CHAYAMITI, Inara. Qual a forma mais ecológica de morrer? Saiba como o método freeze-dry congela o cadáver e o transforma em Adubo. Revista Superinteressante. São Paulo: Abril S.A, jul. 2009. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/conteudo_480673.shtml>. Acesso em: 15/10/2016.
GIMENEZ, Sônia Maria Nobre; TATSUI, Carla Brito. Morte: implicações ambientais e culturais. Londrina: EDUEL, 2013. 78 p.
GREEN BURIAL COUNCIL, 2015. Organização não-governamental sem fins lucrativos que certifica e promove o “enterro verde”. Disponível em: <greenburialcouncil.org>. Acesso em: 09 fev. 2017.
IZIDRO, Marina. 'Funeral verde' ganha adeptos no Reino Unido. G1. 10 jan. 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/01/funeral-verde-ganha-adeptos-no-reino-unido.html>. Acesso em: 15/06/2016.
PACHECO, Alberto. Meio ambiente & cemitérios. 1° ed. São Paulo: SENAC, 2012. 192 p.
PAPPAS, Stephanie. After Death: 8 Burial Alternatives That Are Going Mainstream, Live Science, 9 sept. 2011. Disponível em: < http://www.livescience.com/15980-death-8-burial-alternatives.html>. Acesso em: 02 /06/2016.
ROMANZOTI, Natasha. 8 formas de enterro esquisitas que estão se tornando comuns. Hyperscience, 14 set. 2011. Disponível em:<http://hypescience.com/8-formas-de-enterro-esquisitas-que-estao-se-tornando-comuns/>. Acesso em: 21 jun. 2016.
ROMANZOTI, Natasha. Dissolver seus restos mortais protege a Terra. Hyperscience, 19 ago. 2010. Disponível em: <http://hypescience.com/dissolver-seus-restos-mortais-protege-a-terra/>. Acesso em: 20 jun. 2017.
VELLOSO, Felipe. Criogenia: a tecnologia que pode fazer você acordar no futuro. TechMundo. 31 jul. 2014. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/futuro/59679-criogenia-tecnologia-fazer>. Acesso em: 15/10/2016.
ZHANG, Sarah. O que é a cremação líquida e por que ela é ilegal em alguns estados americanos? GIZMODO, 15 abr. 2015. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/o-que-e-a-cremacao-liquida-e-por-que-ela-e-ilegal-em-alguns-estados-americanos/>. Acesso em: 21/05/2018.
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